As Redes Sociais e A Política Brasileira

Em entrevista, o publicitário Camilo Aggio fala sobre novas tecnologias e como elas têm colaborado para as campanhas eleitorais atualmente.


Tweets, posts no You tube, ringtones, widgets, sms, updates... Em 2010, além de fazerem parte do meio digital, esses termos passaram a constar também no universo eleitoral brasileiro. Camilo Aggio, publicitário, em entrevista coletiva comenta como os candidatos utilizaram as novas tecnologias de comunicação para interagir com os eleitores e como esse eleitorado exerce sua cidadania nas redes sociais. O twitter, rede social que se popularizou no Brasil em 2009 foi responsável por agendar discussões na sociedade "real" e impor esse agendamento aos media de massa nas eleições de 2010. Camilo Aggio responde sobre assuntos relativos a essa e outras redes digitais que influíram na publicidade eleitoral desse ano.

Quais são as vantagens e as desvantagens do uso das novas tecnologias de comunicação na campanha eleitoral de 2010?

Camilo Aggio – Eu não consigo enxergar desvantagens das campanhas online. Não consigo ver desvantagens para o cidadão na medida em que grande parte dos usos que se tem feito dos recursos da internet acabam por promover um maior fluxo informacional, maior quantidade, maior volume de informação política, relevantes, relacionados a projetos, a posicionamentos. Não obstante, isso proporciona que os candidatos sejam mais transparentes e os submetem a uma critica maior dos eleitores. Até essas eleições atuais nós tínhamos uma legislação muito anacrônica nesse sentido das campanhas online do Brasil. Até 2008, os partidos, os candidatos só podiam usar websites. Era vetada a utilização de qualquer outro recurso como, por exemplo, as redes sociais online: Facebook, Myspace, Twitter, Orkut e etc. Isso impunha aos candidatos uma restrição muito grande. Se hoje usamos a internet, estamos basicamente nas redes sócias online. Somos o país que mais utiliza esse tipo de coisa. Agora os candidatos podem chegar mais próximo de nós, podemos acompanhar esses sujeitos cotidianamente, e o mais curioso é que o twitter que vem desempenhando um papel magnífico. O Serra, a Marina, o Plínio e a Dilma utilizam bastante essa ferramenta.

Assim como as revistas, jornais, etc., os novos veículos auxiliam a política a propagação de informações. Você considera que como o maior número de acesso é feito para os jovens, esse público, para a política, segue a mesma tendência ou é algo mais amplo?

C.A. – Eu creio que seja mais abrangente, não creio que seja só para jovens. Eu não tenho uma análise quantitativa, mas a gente sabe que pelo menos a impressão que se tem. Eu tenho pesquisado agora a questão do engajamento da mobilização dos eleitores em torno das campanhas online. O que se percebe é que não são apenas jovens, né? As pessoas que criam ali uma esfera conversacional não são apenas jovens. Essas informações se dão de uma maneira muito complexa e que não respeita exatamente uma faixa-etária restrita. Eu acho que todo mundo que está ali dentro é afetados por um volume de informação muito maior, que não parte apenas das campanhas, que não partem apenas dos veículos de comunicação, mas a partir das discussões que se fazem, das informações passadas por blogs independentes e que são propagadas através das redes sociais.

Os partidos políticos tem feito largo uso das novas tecnologias em favor de suas campanhas. Desses meios, quais são os mais eficazes e qual tem sido a resposta do público?

C.A. - Por um longo período de tempo a gente tinha os websites. Então, a gente tinha um grande problema: você tinha que usar outros mecanismos que não apenas a internet para trazer a atenção desses eleitores, eles teriam que ir ao Google (site de busca da web) e digitar o nome do candidato e a campanha desse candidato teria que rezar para que nas primeiras ocorrências o seu website oficial aparecesse. Agora a coisa não se dá assim. Nós estamos entrando numa uma fase aonde a gente não vai atrás da informação, a gente se depara com ela. Estamos nas redes sociais e essas coisas aparecem através de alguém que você segue como exemplo do twitter, através dos hashtags (categoria de temas acompanhados por #), ou dos trend topics (tópicos mais comentados). Nesse caso, qual é o meio mais eficaz? São as redes sociais, que são onde as pessoas estão, onde se tem a possibilidade compartilhar e de propagar de uma maneira impressionante qualquer tipo de informação.

Qual a sua opinião sobre o uso do You tube na propaganda eleitoral?

C.A. – Fundamental. Primeiro, quando você a analisa a internet pré you tube há um grande problema: os candidatos e suas campanhas não podem produzir muitos vídeos por que elas dependem de um gasto muito grande de aluguel de servidores pra que possam armazenar esses dados, e não obstante a isso, há o problema de como distribuir esses vídeos. Com o you tube a dinâmica de compartilhamento é muito mais interessante. Se você tem um blog, basta colocar um link com a notícia que se quer publicar e o vídeo já pode ser rodado ali mesmo, sem que você precise ser deslocado para outro site para assistir o vídeo. Não apenas isso, as campanhas podem, a partir desse “barateamento” de publicação, tratar de políticas públicas, seus posicionamentos, e podem fazer registros de encontros de determinados grupos de interesses. Portanto há uma diversificação muito grande no que diz respeito ao conteúdo que você pode produzir a partir do formato audiovisual.

Segundo as tendências de 2008 das eleições de presidência para os EUA, a justiça brasileira liberou a campanha dos candidatos livremente pela internert . O que é realmente permitido?

C.A – Tudo é permitido na internet. Os websites tem que ser registrados no TSE, e 48 horas antes das eleições ele tem que sair do ar. As redes sociais foram entendidas como um campo aberto no qual todos têm direito de expressão, internet é uma praça pública, os sujeitos falam o que acham que devem falar, claro, respeitando as leis e os outros. uj

1 comentários:

Murillo disse...

Você bomba! Arrazou!

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